No Brasil, fabricar açúcar em casa pode parecer uma prática simples e tradicional, mas leis remanescentes do período militar a tornam tecnicamente ilegal. Criadas para controlar o mercado açucareiro, essas normas visavam regular produção e vendas, evitando concorrência desleal.
O Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), extinto, deixou um legado de restrições que ainda persistem, surpreendendo produtores rurais e consumidores.

Leis em Vigor e Penalidades
Os decretos-leis nº 16/1966 e nº 56/1966 fundamentam a proibição, classificando a fabricação sem permissão como crime. Mesmo em pequena escala, pode ser vista como “fábrica clandestina”, com punições de 6 meses a 2 anos de prisão.
Essa rigidez, pensada para proteger indústrias, gera debates sobre sua relevância hoje, em um contexto de agricultura familiar diversificada.
Críticas à Legislação Atual
Especialistas em direito, como o advogado Ysnaider Alcantara Cardozo, apontam a lei como obsoleta, contradizendo princípios constitucionais de liberdade e concorrência.
O criminalista Warlem Freire destaca o “princípio da adequação social”, onde condutas aceitas pela sociedade não devem ser punidas. A produção doméstica, sem riscos coletivos, cai em desuso prático, mas formalmente permanece proibida.
Produção para Consumo Pessoal
Para quem produz apenas para uso próprio, sem venda, o foco é na higiene e segurança alimentar. Seguir normas sanitárias evita contaminações, garantindo saúde.
Não há necessidade de autorizações extras, mas cuidados com limpeza e armazenamento são essenciais, prevenindo problemas como bactérias.
Alternativas Legais para Agricultores Familiares
Produtores rurais podem fabricar derivados da cana legalmente, como rapadura, melado ou açúcar mascavo, desde que sigam regras agroindustriais. Registro nos órgãos competentes, boas práticas de fabricação e rotulagem adequada são obrigatórios.
Órgãos como o Ministério da Agricultura (MAPA) e Emater oferecem suporte, além de programas como PRONAF e PAA, que auxiliam financeiramente.





