O Banco do Brasil, líder em financiamento agrícola no país, sinaliza uma postura mais severa contra calotes no setor rural. Em meio a uma série de recuperações judiciais, o banco ameaça cortar definitivamente o acesso a empréstimos para produtores que optarem por essa proteção legal.
Segundo executivos, essa medida visa proteger a instituição contra perdas crescentes, mas pode agravar a situação de agricultores já endividados.

Felipe Prince, vice-presidente de riscos, alertou que a recuperação judicial cria uma “armadilha” para os produtores, impedindo plantios futuros e isolando-os do crédito. Essa declaração reflete uma mudança radical na relação tradicional entre o banco e o agronegócio, onde o BB era visto como um parceiro flexível.
Dados Alarmante e Impacto Financeiro
Dados internos revelam que R$ 5,4 bilhões em empréstimos estão em atraso devido a pedidos de recuperação judicial de 808 produtores, em uma carteira total de R$ 404,9 bilhões para o agro.
A inadimplência rural saltou para 3,5%, um aumento de 2,2 pontos percentuais em um ano. Esse cenário contribuiu para o menor lucro trimestral do banco em quase cinco anos, com retorno sobre patrimônio caindo de 21,6% para 8,4%.
Analistas como Pedro Leduc, do Itaú BBA, e Gustavo Schroden, do Citigroup, preveem que o terceiro trimestre será desafiador, com o BB possivelmente apresentando o pior desempenho entre os grandes bancos.
Um programa governamental de renegociação, iniciado em outubro, pode aliviar, mas ainda é cedo para avaliar seu efeito.
Mudanças na Política de Crédito
O banco adotou garantias mais robustas, substituindo hipotecas por alienação fiduciária, o que mantém a propriedade do bem até o pagamento total. Isso eleva custos para os produtores, mas oferece mais segurança ao BB.
Além disso, prazos para cobrança foram reduzidos: contato após atraso caiu de 30 para 5 dias, e ações judiciais de 90-180 para 30 dias.
Inteligência artificial agora classifica clientes por risco de pagamento, ajudando a decidir sobre concessões ou suspensões. Renegociações são incentivadas, exceto para casos de recuperação judicial, onde o banco não negocia mais.





